sexta-feira, 27 de julho de 2018

Mosteiro da Santa Cruz, Coimbra, Portugal.

(Mosteiro da Santa Cruz, Coimbra, Portugal - Foto de Cristina Lima)

Fundado em 1131 pelos Cónegos Regrantes de Santo Agostinho, o Mosteiro da Santa Cruz de Coimbra foi erguido, também pela boa vontade de D. Afonso Henriques, primeiro Rei de Portugal, e seu filho, D. Sancho I. Reis que hoje se encontram sepultados no altar-mor do templo deste mosteiro.
A construção do mosteiro aconteceu entre 1132 e 1223 e o estilo artístico utilizado foi o românico. 
Em 1220, Fernando Martins de Bulhões, futuro Santo António de Lisboa e Pádua, estudante como Cónego Regrante no Mosteiro da Santa Cruz de Coimbra viu passar à saída do mosteiro, os corpos dos cinco mártires franciscanos assassinados em Marrocos, o que fez com que se quisesse tornar monge franciscano.
Como todos os edifícios religiosos, este mosteiro sofreu diversas alterações ao longo do tempo.
Em 1526, foi erguido o portal manuelino pela mão de Nicolau de Chanterrene.
A igreja do mosteiro tem uma única nave, também de estilo manuelino, assim como o cadeiral de madeira do coro alto.
O órgão de tubos é de estilo barroco.
A sacristia, revestida a azulejo, foi construída entre 1622 e 1624 e é de estilo maneirista.
É panteão nacional desde 2003.
O Mosteiro da Santa Cruz de Coimbra é um dos mais belos exemplares da arte manuelina em Portugal! 
É de visita obrigatória para quem passa pela cidade dos estudantes!

(Mosteiro da Santa Cruz de Coimbra, Coimbra, Portugal - Foto de Cristina Lima)

(Mosteiro da Santa Cruz de Coimbra, Coimbra, Portugal - Foto de Cristina Lima)

domingo, 8 de julho de 2018

A palavra vale prata, o silêncio vale ouro!

(Basílica da Santíssima Trindade, Fátima, Portugal - Foto de Cristina Lima)

Ser peregrino pode ser uma tarefa bastante complicada. Não me estou a referir à peregrinação a pé, que por si só já é bastante dolorosa, refiro-me, apenas ao peregrinar a um local sagrado com o objectivo de rezar.
No Sábado passado fui ao Santuário de Fátima como qualquer peregrino que se dirige ao local onde Nossa Senhora apareceu aos pastorinhos com o objectivo de usufruir da beleza daquele espaço, mas principalmente, procurando um momento de silêncio para rezar.
Nunca pensei assistir ao que assisti naquele dia.
Entrei na Basílica da Santíssima Trindade para rezar e perto de mim instalaram-se umas senhoras de idade que decidiram conversar em alto e bom som umas com as outras, sem pausa para respirar.
Depois de várias tentativas de concentração, a minha irmã mais corajosa, com gentileza, dirigiu-se às senhoras e pediu-lhes se falavam mais baixo.
Falaram mais baixo durante cinco minutos apenas.
Depois, como se já não bastasse a conversa de café, decidiram merendar dentro da igreja.
Acabamos por não conseguir nos concentrar na oração e saímos.
Dada a falta de educação e de respeito pelos outros por parte daquelas senhoras, não seria importante, para no futuro evitar situações semelhantes, ter alguém responsável a tomar conta dos locais sagrados? Impôr regras de respeito para com estes espaços e para com os outros como acontece na Capela Sistina, por exemplo?
Ouvir uma voz imponente a dizer em tom alto 'Silêncio' como acontece na Capela Sistina não é uma tarefa assim tão difícil, apesar de que bastava haver alguém que fizesse cumprir as regras de forma menos sonora, pedindo às pessoas para ficarem em silêncio. 
É barrada a entrada a pessoas nas igrejas em Roma quando a sua forma de vestir não é a mais adequada, mas como tencionam realizar as visitas cumprem as regras.
Em Portugal devia de ser da mesma forma.
Se as pessoas perderam os respeito pelos locais sagrados e pelos outros, a Igreja Católica deve ser a primeira a dar o exemplo sem medo e fazer cumprir regras básicas da boa educação.
Não se trata de nada extraordinário, simplesmente, a boa educação e o respeito pelo outro nunca fizeram mal a ninguém.
O Turismo Religioso tem este importante papel: ensinar turistas e peregrinos a saber estar e a respeitar locais sagrados, procurando transformar turistas em futuros peregrinos.
Não é uma tarefa fácil, aliás, é um desafio cada vez maior, mas é preciso aceitar o desafio e pôr as mãos à obra.
Momentos como este só me fazem pensar que a importância do Turismo Religioso é cada vez maior!

(Santuário de Nossa Senhora do Rosário de Fátima, Fátima, Portugal - Foto de Cristina Lima)

(Santuário de Nossa Senhora do Rosário de Fátima, Fátima, Portugal - Foto de Cristina Lima)

terça-feira, 3 de julho de 2018

Respirar o Bom Jesus...

(O lago do Santuário do Bom Jesus do Monte, Braga, Portugal - Foto de Cristina Lima)

Fui desafiada pelo blog 'Ideias com Eco' a aprofundar o tema da ecologia no espaço religioso. Como já tinha publicado dois artigos sobre o assunto de forma geral decidi aprofundar o melhor exemplo, que é também, o meu preferido, na área do turismo religioso sustentável: o Santuário do Bom Jesus do Monte.
Com vinte e cinco hectares de mata, o Santuário do Bom Jesus do Monte é um espaço único onde a beleza da arte é enaltecida pela natureza que a envolve.
O cuidado que a Confraria do Bom Jesus tem para com o santuário em todas as suas vertentes é, também, digno de elogio.
A limpeza da mata e a atenção para com os jardins é constante.
A água, que naquele local, existe em abundância, jorra pelas fontes e é utilizada para encher o lago, seguindo do lago para o Ascensor e terminando o seu uso na rega dos campos que se encontram no sopé do monte.
O Ascensor, datado de 1882, funciona a contrapeso de água, ou seja, duas carruagens unidas por um cabo, em que a carruagem que se encontra no topo do monte é abastecida com água (podendo levar cerca de 3.500 litros) e cujo peso vai fazer subir a carruagem que se encontra no sopé do monte e que sobe vazia de água. A quantidade de água é calculada consoante o número de pessoas que vão ocupar as duas carruagens.
Parte dos resíduos da mata são utilizados como fertilizante e os que não podem ser usados como tal seguem para a central de biomassa criada no Santuário e que permite fornecer o aquecimento dos hotéis da estância. 
Esta medida para além de amiga do ambiente, ajuda a reduzir as despesas.
O Santuário do Bom Jesus do Monte não é apenas o 'santuário mais perfeito da Cristandade' como escreveu Germain Bazin, historiador de arte, curador e conservador de pinturas do Museu do Louvre, mas é, também, o santuário onde o respeito pela natureza e pelo meio ambiente faz parte dos princípios de quem o fundou e de quem cuida dele diariamente.

Escreveu Camilo Castelo Branco no seu livro 'No Bom Jesus do Monte': 
"Aquellas florestas, sinto eu atado o coração por meu tragadoras lembranças" .

 É assim respirar o Bom Jesus do Monte! 

(O Ascensor do Santuário do Bom Jesus do Monte, Braga, Portugal - Foto de Cristina Lima)

(Santuário do Bom Jesus do Monte, Braga, Portugal - Foto de Cristina Lima)