sábado, 24 de abril de 2021

Vivemos hoje o que a Nossa Senhora avisou em La Salette...

(Nossa Senhora de La Salette - Foto de Sanctuaire de Notre Dame de La Salette)

No dia 19 de Setembro de 1846, no sul de França, em La Salette, a Nossa Senhora apareceu a dois jovens pastores chamados Mélanie Calvat, de 15 anos, e a Maximin Giraud, de 11 anos. Nenhum deles sabia ler e escrever ou tinha qualquer instrução religiosa.

Naquela época, a França encontrava-se numa crise política que dava origem à diminuição da prática religiosa e ao aumento de conflitos, doenças e fome. Por consequência destes acontecimentos, vivia-se, também, uma onda de emigração.

Neste ambiente, em La Salette, os dois videntes diziam ter visto um globo brilhante de luz, que se abriu e que dentro dele se encontrava uma senhora que chorava sentada numa rocha.
A senhora trazia uma coroa de ouro na cabeça, um vestido de luz, sandálias decoradas com rosas e um crucifixo de ouro pendurado num fio que Ela trazia ao pescoço. A cruz que ela trazia ao pescoço tinha um par de pinças num dos braços e um martelo no outro.

Nossa Senhora dirigiu-se aos adolescentes, primeiro em francês e depois no seu dialecto.
Com uma expressão extremamente triste, falou aos videntes da descrença das pessoas, da ofensa a Deus de trabalharem ao Domingo e de blasfemarem contra Deus. Também avisou que as colheitas seriam fracas se não lhe dessem ouvidos.

A cada um dos dois jovens, a Nossa Senhora transmitiu um segredo, que o outro não ouviu. Pediu-lhes que fizessem as suas orações e orientou-os a divulgar a mensagem dela às pessoas. A Senhora de Luz desapareceu lentamente e o globo de luz foi diminuindo de tamanho até desaparecer.

Durante os dias seguintes à aparição, as crianças tiveram que contar a história várias vezes sob rigorosos interrogatórios, além de serem levadas ao local da visão muitas vezes. Numa das idas, os interrogadores partiram um pedaço da rocha onde a Nossa Senhora se tinha sentado. Naquele momento nasceu ali uma fonte, à qual até hoje foram atribuídos muitos milagres.

Isto fez com que começassem as peregrinações ao local, mesmo com a oposição das autoridades.
Apesar de terem sido interrogados muitas vezes, os dois videntes foram sempre coerentes nos relatos.
Em 1846, a região teve uma grande quebra na colheita, e em 1847, houve uma grande fome no continente europeu. Milhares de mortes foram registadas em todo o continente. Só em França foram mais de 100 mil vítimas.

Depois de quatro anos e muita investigação, o Bispo de Grenoble aprovou a devoção a Nossa Senhora de La Salette, que, em 1851, veio a ser confirmada oficialmente pelo Papa Pio IX.

Durante o resto da vida, os videntes tiveram que conviver com a controvérsia. Os seus segredos acabaram por ser publicados. O segredo que guardava Maximin era referente à perda da fé em França, do caminho da Igreja Católica para o abismo e a ascensão do anticristo. O segredo confiado a Mélanie referia-se à perda da fé em Roma e da perseguição aos cristãos.

Disse a Nossa Senhora em La Salette: 
"Os sacerdotes, ministros do Meu Filho, pela sua má vida, a sua irreverência e impiedade na celebração dos santos mistérios, pelo amor ao dinheiro, às honrarias e aos prazeres, tornar-se-ão cloacas de impureza. Sim, os sacerdotes atraem a vingança e a vingança paira sobre as suas cabeças. Ai dos sacerdotes e das pessoas consagradas a Deus, que pela infidelidade e má vida crucificam novamente o Meu Filho! Os pecados das pessoas consagradas a Deus bradam ao Céu e clamam por vingança. E eis que a vingança está às suas portas, por não se encontra mais uma pessoa a implorar misericórdia e perdão para o povo. Não há mais almas generosas, não há mais ninguém digno de oferecer a vítima imaculada ao Pai Eterno em favor do mundo."

Depois, a Nossa Senhora falou-lhes também da família e da sociedade e quais os males que se seguirão. Destas profecias, apenas ficam aqui escritas as que são referentes ao tempo em que vivemos: 
"Os chefes, os condutores do povo de Deus negligenciaram a oração e a penitência. E o demónio obscureceu as suas inteligências. Transformaram-se em estrelas errantes, que o velho diabo arrastará com a sua cauda para as fazer perecer. [...] Os maus livros abundarão sobre a Terra, e os espíritos das trevas espalharão por toda a parte um relaxamento universal em tudo o que se refere ao serviço de Deus. [...] Deus vai golpear de modo inaudito. Ai dos habitantes da Terra. Deus vai esgotar a Sua cólera, e ninguém poderá fugir a tantos males acumulados. [...] Toda a ordem e toda a justiça serão calcados com os pés. Não se verá outra coisa senão homicídios, ódio, inveja, mentira e discórdia, sem amor pela pátria e sem amor pela família. [...] Os governantes civis terão todos o mesmo objectivo, que consistirá em abolir e fazer desaparecer todo o principio religioso para dar lugar ao materialismo, ao ateísmo, ao espiritismo e a toda a espécie de vícios. [...] Os maus estenderão toda a sua malícia. Até nas casas as pessoas matar-se-ão e massacrar-se-ão mutuamente. [...] Os justos sofrerão muito. As suas orações, a sua penitência e as suas lágrimas subirão ao Céu e todo o povo de Deus pedirá perdão e misericórdia. E pedirá a minha ajuda e intercessão."

A mensagem da Nossa Senhora de La Salette pedia o que ela reforçou mais tarde em Lourdes e Fátima: conversão, penitência e oração. O título dado a Nossa Senhora de La Salette é 'Reconciliadora dos Pecadores."

(Santuário de Nossa Senhora de La Salette - Foto de Sanctuaire de Notre Dame de La Salette)

terça-feira, 20 de abril de 2021

O dia em que a Nossa Senhora apareceu ao homem que queria matar o Papa!

(Santuário de Nossa Senhora da Revelação, Tre Fontane, Roma, Itália - Foto de @nelcuoredigesu)

No Sábado depois da Páscoa, dia 12 de Abril de 1947, o condutor de elétricos, protestante, Bruno Cornacchiola, de 34 anos estava sentado calmamente à sombra de um eucalipto a tirar apontamentos para uma conferência que daria no dia seguinte contra a Nossa Senhora.  

Bruno Cornacchiola nasceu num dos bairros mais pobres e com a pior fama da capital italiana.
Viveu em Espanha durante a Guerra Civil (1936-1939) onde fora voluntário de combate, e convencido por um militar alemão protestante, entrou para a igreja adventista, convertendo-se num inimigo feroz da Igreja Católica, da Nossa Senhora e do Papa.

Os seus filhos Gianfranco, Carlo e Isola jogavam à bola no bosque enquanto ele procurava na Bíblia protestante "provas" que confirmassem a parte da sua conferência onde iria debater os dogmas marianos. Entretanto, as crianças perdem a bola e, não a conseguindo encontrar, e pedem ajuda ao pai.
Bruno interrompe as anotações e vai ajudar os filhos. O caderno de anotações ficou no chão junto ao banco onde estava sentado.

Eram 15h30. A bola foi parar dentro de uma gruta e os meninos avançaram para a ir buscar. Dentro da gruta, a Nossa Senhora apareceu aos filhos de Bruno Cornacchiola. Precedida de um intenso cheiro a flores, aparece, também, a Bruno Cornacchiola que, até ao momento, só pensava em como descredibilizá-La.

A Virgem, com um longo e belo vestido branco, trazia uma faixa cor-de-rosa na cintura. Sobre os cabelos escuros tinha um manto verde que lhe caía até aos pés descalços.

A Santa Mãe de Deus dirigiu a palavra ao seu perseguidor e disse: "Sou aquela que está na Trindade Divina. Sou a Virgem da Revelação. Tu persegues-me. Mas agora, basta! Entra para o santo rebanho, a corte celestial da terra. Obedece à autoridade do Papa."

A Virgem, cujas mãos seguravam, junto ao peito, um livro encapado de cor cinza (a Bíblia), falou-lhe de muitas coisas, entre elas sobre a Sua Assunção ao Céu. Também indicou ao vidente como poderia encontrar dois sacerdotes que o ajudariam a reconciliar-se com Deus e com o Papa, a quem tinha intensões de assassinar com um punhal.

A Virgem tocou no coração de Bruno Cornacchiola convertendo-o e transformando-o no Seu mais fiel seguidor e instrumento de evangelização.

A Nossa Senhora também prometeu: "Nesta terra de pecado, realizarei grandes milagres para a conversão dos incrédulos." e tal como a água de Lourdes, a terra da gruta de Tre Fontane, santificada pela presença de Maria, também realiza muitos milagres até aos dias de hoje!


 

terça-feira, 6 de abril de 2021

A abissal diferença civilizacional entre a pandemia de 1918 e a de 2019


(Foto de Santuário de Fátima)

A Irmã Lúcia narra nas suas Memorias como foi a pandemia de 1918, a pneumónica ou gripe espanhola. A leitura dessa descrição mostra-nos a diferença civilizacional que existe quando vemos a reacção do mundo à pandemia de covid-19 ou vírus chinês. Comecemos pelo excerto das Memórias:

«A epidemia (pneumónica, de 1918) atingiu quase toda a gente. A mãe e minha irmã Glória andavam de casa em casa a tratar dos doentes. Um dia, o ti Marto foi avisar o meu pai de que não deixasse a mãe nem as filhas andar por casa dos doentes a tratá-los, porque era uma epidemia que contagiava e podíamos, também, nós, ficar doentes.

À noite, o pai, ao chegar a casa, proibiu a mãe e as filhas de irem a casa dos doentes para tratá-los.
A mãe escutou, em silêncio, tudo o que o pai disse e depois respondeu: 

- Olha, tu tens razão. É mesmo assim como tu dizes. Mas, olha lá, podemos nós deixar morrer aquela gente, sem ter(rem) que lhe(s) chegue um copo de água? O melhor seria que viesses tu comigo e vias como as pessoas estão e se nós podemos deixá-los assim abandonados. E, apontando para uma grande panela que tinha pendurada na corrente da chaminé, sobre o braseiro da lareira, disse:

- Vês esta panela? Está cheia de galinhas. Algumas nem são nossas; trouxe-as de casa dos doentes, que as nossas não chegavam para tudo. Está a ferver, para fazer os caldos, e já tenho aí as panelinhas que trouxe das suas casas, para lhos levar. Se tu quisesses vir comigo, ajudavas-me a levar as cestas com as panelas dos caldos e, ao mesmo tempo, vias e resolvíamos como se há-de fazer.

O pai aceitou. Encheram as panelas de caldo e lá foram os dois, cada um com duas cestas, uma em cada mão. Daí a pouco, volta o pai com um bebé num bercinho e disse à minha irmã Glória e para mim:

- Tomai conta deste menino. Os pais estão os dois de cama, com febre, e não podem olhar por ele.
Voltou a sair e, daí a pouco, regressou com mais duas crianças que já andavam, mas ainda não podiam valer-se, e disse:

- Tomai conta de mais estas duas, que não fazem senão chorar, à volta da cama dos pais, e eles estão com febre e não podem atendê-las.

E assim trouxe mais. Não me lembro quantas. No dia seguinte, vieram dizer que também em casa da tia Olímpia, estavam todos de cama com febre. Os meus pais lá foram também tratá-los. Aí, na ocasião, melhoraram todos, mas quatro ficaram sempre com algumas décimas de febre que os foram minando e, um após outro, em poucos anos, morreram quatro: o Francisco, a Jacinta, a Florinda e a Teresa.

Nesses dias, os meus pais não faziam outra coisa mais que andar de casa em casa, a tratar dos doentes. O pai com o meu irmão Manuel tratavam dos animais que estavam nos currais a gritar com fome, e tiravam o leite para se dar aos doentes e às crianças. (...) Foi tão grande a necessidade, que meus pais não hesitaram em deixar-me ir ficar, algumas noites, em casa de uma viúva que vivia só com um filho que estava tuberculoso no último grau, para que ela pudesse descansar, sabendo que tinha ali uma criança de 11 anos, que chegasse ao filho um copo de água ou uma tigelinha de caldo, ou a chamasse, se ela precisasse de outa coisa. (...) Também advertiram o meu pai de que era temerário deixar-me ir a essa casa porque podia contagiar-me. O pai respondeu:

- Não há de Deus pagar-me com o mal o bem que eu faço por Ele!

E assim aconteceu! A confiança de meu pai não foi confundida, que tenho quase 82 anos e ainda não senti o mínimo vestígio dessa doença! (Memórias da Irmã Lúcia V, nº 3, pp.19-21)

O que vemos neste magnifico trecho? É muito simples: a Cristandade, isto é, a civilização cristã em acção exprimindo as suas virtudes: a caridade, amar o outro como a si mesmo, a heroicidade, a capacidade de sacrifício, a consciência de que estamos vivos e podemos morrer e de que morrer a fazer o bem é melhor do que viver covardemente encerrado em casa; e ainda, a confiança em Deus.

Um século volvido, temos a polícia a percorrer as estradas e altifalantes avisando: «Fique em casa»; e estamos proibidos «para nosso bem», naturalmente, de sair de casa, de ir trabalhar, de ir ajudar um vizinho, de ir ao hospital ver o nosso pai ou a nossa mãe pela ultima vez, ou de o ir buscar ao lar, ou de ir a um funeral, etc., etc., etc...

Colocadas lado-a-lado, parecem duas civilizações diferentes. E são.

O que aconteceu, pois entre as duas civilizações? Como chegamos a este ponto de extremo egoísmo e covardia? A resposta é simples: a Cristandade decaiu na Europa. Agora somos uma civilização sem esqueleto, sem dimensão vertical; em duas palavras: sem Deus.

Somos uma civilização que trocou as virtudes objectivas e universais, como as que enunciamos acima por 'valores' subjectivos e individuais. E esta decadência civilizacional é incomparavelmente mais grave do que qualquer pandemia. Melhor dito: esta decadência civilizacional é muitíssimo mais contagiosa do que qualquer variante de covid.

(Texto de Pedro Sinde...In Sol)



 

quinta-feira, 1 de abril de 2021