sábado, 10 de novembro de 2018

Bom Jesus na Circunstância dos Tempos: Simbologia.

(Santuário do Bom Jesus do Monte, Braga, Portugal - Foto de Cristina Lima)

Ontem decorreu mais uma conferência do Ciclo de Conferências: Bom Jesus na Circunstância dos Tempos, no Santuário do Bom Jesus do Monte, e desta vez, pela voz do professor Rogério Sousa, da Universidade de Coimbra.
Para o professor nada no Santuário do Bom Jesus é meramente decorativo, tudo é símbolo, tudo tem significado e uma razão de ser.
Em 1722, o Santuário do Bom Jesus foi remodelado pela sexta vez, mas desta vez pelas mãos de D. Rodrigo de Moura Teles.
D. Rodrigo de Moura Teles mandou erguer uma nova igreja e mandou ampliar o espaço de forma a transformar o santuário na 'Jerusalém Renovada'.
Os símbolos colocados nas capelas apelam ao conteúdo de cada uma das capelas mas recorrendo à mitologia clássica e à alquimia.
Assim, numa visão alquimista, o percurso de entrada no santuário com as fontes da lua e do sol junto ao pórtico entra-se no Ciclo Sombrio, também designado, em termos cristãos, de Via Purgativa.
A construção inicial do Bom Jesus era muito diferente da actual, mas é possível ver a reprodução da construção mais antiga do Bom Jesus no Santuário de Porto de Ave. 
O Santuário de Porto de Ave é uma reprodução do Bom Jesus antes das remodelações de 1722.
Os elementos das fontes do Bom Jesus são temáticos com os planetas e a mitologia clássica.
Na Via Purgativa ou Ciclo Sombrio podem-se ver os Sete Sêlos Diabólicos ou os Sete Pecados Mortais.
A segunda etapa, apresenta-nos o Ciclo Luminoso ou a Via dos Sentidos.
Começa com a Capela da Crucificação e termina com a Capela da Morte de Jesus.
A alegoria apresentada no Ciclo Luminoso mostra que a verdadeira essência das coisas se abre às almas.
Nas cinco fontes dos cinco sentidos existem animais representados. Na antiga construção do Bom Jesus, cada animal representava um herói mitológico.
A leitura do escadório antes de D. Rodrigo de Moura Teles era completamente distinta da actual. 
Existiam muito mais referências à mitologia.
A estrutura das esculturas de Moisés e Jeremias trazem ao escadório o sentido de musicalidade.
Parece que se movem de forma melodiosa.
Antes da remodelação, no local onde agora se encontra a estátua de S. Longuinhos, encontrava-se a estátua de Moisés, que agora se encontra num penedo no cimo do monte.
Em frente à antiga igreja encontrava-se uma gruta com a nascente de água e Santa Maria Madalena em êxtase. 
No interior da igreja, a imagem do Bom Jesus encontrava-se no centro do altar, ladeado por uma imagem de São Rodrigo e pelos relicários.
O facto de haver uma nascente logo abaixo da igreja do Bom Jesus intensificava a ideia do templo do Bom Jesus ser um templo de água viva.
Atrás da igreja havia um jardim de labirinto e uma fonte dedicada a Jano.
O labirinto significava o percurso que uma alma precisa de percorrer para encontrar a luz.
Um caminho árduo que só os justos terminam.
Também, na parte de trás da igreja podia-se ver a fonte de Hércules. Hoje em dia, parte dela encontra-se dentro da Casa do Fresco.
No Terreiro dos Evangelistas é o culminar com a Esfera Armilar ao centro.
A alma ao centro, o centro onde se encontra com Cristo. A alma e o centro são o próprio Cristo.
Segundo, o professor Rogério Sousa, o Bom Jesus é um santuário invulgar e irrepetivel.
D. Rodrigo de Moura Teles transformou o Santuário do Bom Jesus do Monte num livro em pedra.
Ninguém fica indiferente à beleza e à complexidade do Santuário do Bom Jesus do Monte.
Foi assim mais uma conferência do Ciclo de Conferências do Bom Jesus!

Não percam a próxima conferência no dia 7 de Dezembro! 

(Santuário do Bom Jesus do Monte, Braga, Portugal - Foto de Cristina Lima)

(Santuário do Bom Jesus do Monte, Braga, Portugal - Foto de Cristina Lima)

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